domingo, 20 de maio de 2012

Era uma vez... um cinema

Passei hoje em frente ao antigo Cine Bristol que havia virado igreja e agora
está prestes a virar pó... me deu uma saudade de um tempo que passou e
não volta mais e um dó de ver um lugar que tantas pessoas passaram momentos
de drama, comédia, suspense, ação... se acabar assim.
Lembro que passava por ali quase sempre quando criança e adolescente, pois
pegava o onibus ali atrás da catedral para ir para o Pilarzinho onde morava.




O Cine Bristol da minha infância foi inaugurado em 15 de maio de 1976, 
coincidentemente fez 36 anos esta semana, ou faria se ainda existisse, ficava .
localizando no antigo prédio da família Hauer que foi uma choparia, depois
Teatro Hauer e em 1947 o cine Marabá. 
Nesse dia de inauguração o cine Bristol abriu com  "A Volta da Pantera 
Cor-de-Rosa",1975, de Black Edwards, com Peter Sellers. 


Theatro Hauer, na Rua Mateus Leme, onde consta ter sido o local da primeira projeção de cinema em Curitiba, em 1897. Ali se instalou também o Cine Marabáe depois o Cine Bristol.





A foto é de 1904


Veja abaixo uma reportagem da época da inauguração, muito interessante.




Confirmado: dia 22, sábado, Curitiba ganha um novo cinema - o Bristol, na Rua Mateus Leme. 
O quase centenário prédio da família Hauer, que foi choparia, e teatro no início do século e que, 
após 1947, por iniciativa de Paulo Sá Pinto transformou-se no Cine Marabá, teve nova reforma, 
passando agora a integrar o circuito de casa de primeiro time da cidade. xxx Em 1962, o cine 
Marabá já havia sofrido uma substancial reforma, quando teve sua frequência revitalizada.
 Entretanto, nos últimos anos a frequência do público vinha caindo, de forma que agora o 
exibidor Arnaldo Zonari, arrendatário da casa, investiu mais de Cr$ 300 mil, fazendo uma 
maquiagem completa. O cinema não muda apenas de nome, mas também de aspecto: de 
900 para 600 poltronas, permitindo maior conforto, sistema de ar condicionado, nova decoração, 
uma sofisticada sala de espera e, o que é fundamental, a mais selecionada programação. xxx
 Em sistema road-show - isto é, lançamentos de grandes filmes para permanecerem várias 
semanas em cartaz - o Bristol reabre sábado com "A Volta da Pantera Cor-de-Rosa", 1975, 
de Black Edwards, com música de Henry Mancine (já editada em lp no Brasil) com Peter Sellers 
vivendo o atrapalhado detetive Closeau. Depois, um vigoroso filme sobre a CIA: "Os 3 dias do 
Condor". "Barry Lyndon", a superprodução de Stanley Krubrick, também lançado no Bristol. xxx 
A propósito de Kubrick: hoje é relançado (Vitória) seu filme mais famoso "2020 - Uma Odisséia 
no espaço" e, em julho, o Cinema 1, reprisa "Glória Feita de Sangue". Só fica faltando "Laranja
 mecânica". Mas este falta em todo o Brasil. E vai continuar faltando...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
15/05/1976

4 comentários:

  1. Cinema é filme + sala. E esta deixou saudades. Acredito que é um sentimento que nenhum Cineplex trará, quando se descobrir outro tipo de ambiente para se viver o "sonho comparilhado", que é a verdadeira função de um filme.
    Me pergunto, muitas vezes, se terem acabado com os chamados "cinemas de rua" não foi um equívoco, como foi terem decretado a morte do vinil.

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  2. Olha vi que em SP reviveram tanto o Cine Bristol quanto o Cine Marabá.
    Os cinemas de rua acabaram porque as pessoas preferem ir ao shopping, tem estacionamento, tem todo tipo de comida e consumo, tem os filmes que eles querem ver, tem segurança, não chove, não esfria, não faz calor...
    Já havia ouvido dizer que os shoppings são no Brasil, as cidades que deram certo, bonita, arrumada, limpa...
    Infelizmente o que se perde são esses espaços e não é só nós saudosistas que perdemos, a cidade perdeu, o espaço que servia de encontros, de discussão saudável, de alegria viraram mocós como o Cine Bristol virou, depois de ter deixado de ser igreja.
    Gostei do que disse a Talitha Ferraz, doutoranda em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora do livro A segunda cinelândia carioca: cinemas, sociabilidade e memória na Tijuca (Multifoco, 2009).
    “Quando se esvazia a cidade de lugares simbólicos, passa-se a moldá-la por outro tipo de preocupação – provoca-se um afeto ligado ao consumo”.

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  3. OPAZ, o Bristol era minha sala favorita aqui em CWB. O Gorski levantou uma ótima questão... com certeza vão fazer falta... e quanto aos shoppings está dificil reverter... só em CWB eu vi um chamado PATIO BATEL para o publico classe A e mais um gigantesco em fase inicial de construção para o publico classe C e o dono é o Sr. Ratinho Massa... UIAS!

    JOPZ

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  4. Parece que o Patio Batel vai trazer o cinema 4D pra Curitiba, e mais salas VIPs caras para quem paga inteira.
    Tenho saudade dos cinemas de rua e dos meus 16 anos...

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